…se é que na escuridão aprendemos muito sobre as coisas, acho que sempre estou nela e não fico decepcionada com isso. meus olhos se adaptam melhor a falta de luz, o excesso, o branco, produz em mim o vazio, sensação de desespero que não consigo processar. Apolo, filho de Zeus e Leto, em sua mitologia era um deus com suas flechas perfiladas num abismo de ódio. talvez eu sinta ódio, talvez eu seja confusa, ah eu sou bem instável. gostaria de ter flechas para perfurar meu destino, desfazer o tecido que nele é contido, ler as cartas que falam do futuro, entender que nelas eu posso me curar desse desassossego. o problema é que eu vivo com a adrenalina transbordada. é como se eu estivesse viciada em emoções efêmeras e que necessita de pessoas realmente loucas para que eu sobreviva. sou regada por essa insanidade quando me vejo perto delas. me sinto bem por ser menos alucinada, ser normal um pouco para preencher minha agonia. ah, essa agonia realmente me deixa num estado desolador. a cracolândia de sentimentos…da vontade de falar sozinha até a minha língua toda enrolar e adentrar pela minha garganta e de lá surgir voando as palavras que faltam.
voltando a Apolo, que já viu escuridão e que depois foi cuidar de um rebanho de ovelhas e certamente viu a brecha da luz, eu nano sei se quero ver essa claridade toda explodindo em meus olhos. acho que cansei de ficar pensando nas existências possíveis. vou ouvir as vozes da rua, me perder como jesus cristo que ficava filosofando sem ganhar nada, compartilhando inteligência com as mulas nas praças
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