como Apolo..,

…se é que na escuridão aprendemos muito sobre as coisas, acho que sempre estou nela e não fico decepcionada com isso. meus olhos se adaptam melhor a falta de luz, o excesso, o branco, produz em mim o vazio, sensação de desespero que não consigo processar. Apolo, filho de Zeus e Leto, em sua mitologia era um deus com suas flechas perfiladas num abismo de ódio. talvez eu sinta ódio, talvez eu seja confusa, ah eu sou bem instável. gostaria de ter flechas para perfurar meu destino, desfazer o tecido que nele é contido, ler as cartas que falam do futuro, entender que nelas eu posso me curar desse desassossego. o problema é que eu vivo com a adrenalina transbordada. é como se eu estivesse viciada em emoções efêmeras e que necessita de pessoas realmente loucas para que eu sobreviva. sou regada por essa insanidade quando me vejo perto delas. me sinto bem por ser menos alucinada, ser normal um pouco para preencher minha agonia. ah, essa agonia realmente me deixa num estado desolador. a cracolândia de sentimentos…da vontade de falar sozinha até a minha língua toda enrolar e adentrar pela minha garganta e de lá surgir voando as palavras que faltam.

voltando a Apolo, que já viu escuridão e que depois foi cuidar de um rebanho de ovelhas e certamente viu a brecha da luz, eu nano sei se quero ver essa claridade toda explodindo em meus olhos. acho que cansei de ficar pensando nas existências possíveis. vou ouvir as vozes da rua, me perder como jesus cristo que ficava filosofando sem ganhar nada, compartilhando inteligência com as mulas nas praças

.lavie

projeções

Minha casa de chás Bangladesh, nasceu de um forte desejo de estar na Ásia, o único lugar interessante ao menos para mim, para ser conhecido ou perder-se. Hanoi, em Vietnã, concentrava ruas estreitas, uma luz fraca logo pelo início do dia, a neblina sobre todos nós. Andei em vários lugares e dormi um dia inteiro por conta do fuso horário pesado, e foi uma escolha sensorial. Costumes informais misturados aos transeuntes elegantes do hotel melia na Ly Thuong Kiet, muitas motocicletas que disparavam contra os pedestres, mas, que não os atingiam. As pessoas dali costumam desjejuar nas ruas, acomodadas em banquinhos minúsculos, conversam muito, dançam em parques. Os corpos mHanoi se superaisturados que ocupavam boa parte dos templos, do mausoléu e do comércio, me enxergavam com curiosidade. Um tigre desenhado em meu pescoço foi algo inusitado para aquele povo, especialmente mulher, que não deve andar desprotegida pelos tecidos. Mas o país cresceu, sua identidade mais do que nunca aflorou e novos segmentos adotados, acredito que poucos mesmo. Hanoi, que eu nunca soube nada sobre ela e qua continuei sem saber, por que em quatro dias não se descobre nada sobre alguém. Ela é uma amante, com qual consegui me divertir algumas horas, oferecendo-me os prazeres da luz baixa no lago Hoan Kiem, da ilibada Grand Cathedral e de suas plantações de arroz á margem do Noi Bai aeroporto. Das “camponesas”com seus Nón La, dos Ao Dai e ternos, alternados ao vestuário Nike. Poder brincar com o reflexo invertido do lago, num abrangente espelho que mostra ao ocidente o quanto estamos imantados com nossas falsas verdades.